Há alguns dias fui supreendido pela seguinte notícia:
“O Boletim do Exército nº 18/2009, datado de 08 de maio de 2009, traz uma Portaria (nº 258 de 30 de abril de 2009) que pode levar a destruição de milhares de armamentos e equipamentos considerados obsoletos e/ou inservíveis para utilização atual.” Que essa notícia tenha sido divulgada no dia 8 de Maio chega a ser uma coincidência torpe. Claro sinal de nossa irrevogável vocação para república das bananas.
Como já escrevi aqui no blog, a lista de material a ser destruído inclui centenas de peças utilizadas pela Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Aqui no Brasil, tal material é tido como “sucata inservível”. Mas nos 26 museus que hoje balizam os antigos campos de batalha da Normandia, idênticas peças são cuidadosamente mantidas e admiradas pelo papel que tiveram na libertação da Europa, empunhadas por bravos homens. Nos Estados Unidos, armas como as Thompson (em poucos dias, centenas delas irão virar pregos e arame farpado aqui no Brasil), são veneradas como ícones. Exemplares desativados (ou seja, inócuos) chegam a custar 700 dólares. Quem duvida pode conferir no site da IMA:
http://www.ima-usa.com/index.php/cPath/4_215_94
Se existe receio que essas armas possam oferecer perigo, isso não impede que sejam desativadas e enviadas a diversos museus militares pelo Brasil afora. Há inúmeras maneiras baratas e rápidas de desativar armas: pequenas perfurações em peças chave, soldagem de barras de ferro no interior dos canos, soldagem dos mecanismos interiores e outros. Coisa que poderia ser feita facilmente em uma semana de trabalho nos diversos arsenais do Exército. É uma solução que não compromete a aparência externa do material e permite que as peças possam ser expostas em museus, sem que ofereçam o mínimo risco de serem disparadas.
Se não há museus em número suficiente aos quais possam ser enviadas, que continuem sendo preservadas nos depósitos militares de armamento. É certo que no futuro haverá mais consciência a respeito da importância da preservação deste material. Neste exato momento, fala-se da criação de um monumento nacional da FEB em Brasília e de um grande museu dedicado à história do Exército. Quando estes museus finalmente começarem a funcionar, qual será a fonte de obtenção das indispensáveis armas para a exposição?
A lista completa do material separado para destruição está aqui:
http://www.mvb.org.br/campanhas/destruicao.php