Arquivo para fevereiro, 2011

São Paulo algum dia terá um museu dedicado à FEB?

Posted in História da FEB, Memórias da FEB, Segunda Guerra Mundial on fevereiro 14, 2011 by ccmaximus

O interesse na participação brasileira na Segunda Guerra vem crescendo há vários anos: filmes de longa e curta metragem estão sendo produzidos, o número de publicações aumentou de forma muito salutar, trabalhos acadêmicos são apresentados nas universidades e o Youtube pulula com filmetes a respeito da FEB. Há até mesmo grupos de “reenactors” e de colecionadores de viaturas que aplicam as marcações brasileiras em seus veículos.

As novas pesquisas, finalmente, oferecem uma visão mais equilibrada e honesta do envolvimento brasileiro no guerra.

Tudo muito bom e positivo. No entanto, qual certeza podemos ter que este interesse não irá esmorecer com o passar do tempo?

Não se fala aqui de “preservar a memória” simplesmente por afeição nostálgica ao passado. A participação brasileira na Segunda Guerra teve motivos, conseqüências e significados que precisam ser conhecidos. Há implicações do envolvimento em conflitos que deixam suas marcas nas sociedades, e os museus são excelentes espaços para reflexão sobre esses problemas – para não falar da possibilidade de produção de novos conhecimentos que os museus oferecem na condição de órgãos de pesquisa.

São Paulo gosta de se afirmar como um pólo de exuberante vida cultural, mas se compararmos seus museus com os de outros países e com os museus de história existentes em outras grandes cidades brasileiras, torna-se evidente que aqui ainda há muito a ser construído. Contam-se nos dedos os museus com padrões de excelência no município.

São complexas as razões para tal ausência. Mas bastante evidente é a falta de um museu com temática militar na cidade. O Museu do Forte de Copacabana, inaugurado há pouco mais de dez anos (e apesar das limitações) é um dos mais visitados no Rio de Janeiro. Os museus militares têm a capacidade de provocar curiosidade e instigar a busca por mais conhecimentos naqueles que os visitam.

No entanto, a criação de uma instituição do gênero na cidade de São Paulo parece ser um tabu. Os poucos que existem pertencem a associações de veteranos e instituições particulares – como o Instituto Histórico.

Via de regra, apesar dos bons acervos, são museus que não estão integrados ao sistema educacional e que recebem um número ínfimo de visitantes. São apenas para os “iniciados”, com pouca contextualização e interpretação do material exposto.

É claro que uma instituição voltada para o conhecimento histórico dos conflitos não é a única ausência museológica na cidade. Não temos tampouco um grande museu ferroviário, a despeito da importância deste meio de transporte para o desenvolvimento do país e de São Paulo. Quem cumpre esse papel a duras penas é a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, que preenche uma lacuna que em condições ideais seria dever do Estado.

Por inépcia dos reponsáveis, talvez combinada com falta de demanda pública, ainda é necessário viajar para poder visitar bons museus.

Mas não fiquemos tristes. Temos um bom museu da única atividade realmente levada a sério neste país: é este aqui.