Talvez uma maneira de medir a permanência de um episódio histórico na memória coletiva seja checando de quais formas a cultura popular se dedica a tal episódio. Nas sociedades que se envolveram em grandes guerras, os grupos de veteranos estão entre os principais responsáveis pela recordação dos conflitos, juntamente com seus familiares. Quando se trata de países onde as guerras ocorreram, todas as gerações são afetadas e a memória direta permanece mesmo até depois da morte do último combatente. Mesmo depois do desaparecimento do último Tommy de 39-45, o Reino Unido ainda contará com a memória direta de crianças e adolescentes que passaram pelo conflito. Mas e depois?
A França viu o desaparecimento do último poilu em 2007, Lazare Ponticelli. Mesmo assim, o trauma coletivo causado pela I Guerra Mundial permanece vivo na cultura francesa. Recentemente tive a oportunidade de conhecer dois exemplos.
O primeiro é o do conjunto musical de Tichot, artista francês que transforma as poesias de protesto contra a guerra dos soldados em canções.
http://www.youtube.com/watch?v=0UtON-lTAlA
Mas é possível que ninguém tenha atingido tanta popularidade quanto o desenhista Jacques Tardi. Conhecido por séries voltadas para assuntos como a Comuna de Paris, Tardi também tornou-se célebre pelo grande número de quadrinhos publicados sobre a guerra. E na França, as bandes desinées são uma instituição nacional.
A revista Histoire traz um anúncio de um novo álbum de Tardi em página inteira em sua última edição: Putain de Guerre! A primeira publicação de Tardi sobre a guerra data de 1993, e suas abordagens do tema têm atingido enorme receptividade no país que não esquece seus 1.400.000 mortos.
http://universofantastico.wordpress.com/2009/03/30/tardi-de-volta-as-trincheiras/